O Violino
O violino é um instrumento musical, classificado como instrumento de cordas friccionadas. É o menor e mais agudo dos instrumentos de sua família 1 (que ainda possui a viola, o violoncelo, correspondendo ao Soprano da voz humana). O contrabaixo é considerado um primo afastado do violino. Ao contrário do que se pensa, o contrabaixo não vem do violino, mas da viola da gamba. O violino possui quatro cordas2 , com afinação da mais aguda à mais grave: Mi4, Lá3, Ré3 e Sol2. O timbre do violino é agudo, brilhante e estridente, mas dependendo do encordamento utilizado, podem-se produzir timbres mais aveludados. O som geralmente é produzido pela acção de friccionar as cerdas de um arco de madeira sobre as cordas. Também pode ser executado beliscando ou dedilhando as cordas (pizzicato), pela fricção da parte de madeira do arco (col legno), ou mesmo por percussão com os dedos ou com a parte de trás do arco.
Assim como outros instrumentos de cordas, os violinos também podem ser amplificados eletronicamente. A sua utilização mais comum é nos naipes de cordas das orquestras. O género mais comum é a música erudita. Existem no entanto diversos músicos que o utilizam na música folclórica, jazz, rock e outros géneros populares.
Na orquestra, o líder do naipe de primeiros-violinos é chamado de spalla. Depois do maestro, ele é o comandante da orquestra. O spalla fica à esquerda do maestro, logo na primeira estante do naipe dos primeiros-violinos.
Esticada na parte inferior do arco estão as cerdas, que são feitas de vários fios de crina de cavalo, ou de material sintético.
A extensão do violino é do Sol 3 (mais grave e a última corda solta), ao Si 6 (3 notas antes da mais aguda que se pode ouvir).
A palavra violino vem do latim médio, vitula, que significa instrumento de cordas.3 Sua origem vem de instrumentos trazidos do Oriente MédioHoffman. The NPR Classical Music Companion: Terms and Concepts from A to Z.(em inglês) e do Império Bizantino4 . Os primeiros violinos foram feitos na italia entre os meados do fim do século XVI e o início do século XVII, evoluindo de antecessores como a rebec5 , a vielle e a lyra da braccio. A sua criação é atribuída ao italiano Gasparo de Salò.6 Durante duzentos anos, a arte de fabricar violinos de primeira classe foi atributo de três famílias de Cremona: Amati, Guarneri e Stradivarius. Toda a invenção do violino foi conduzida pelas raízes do instrumento milenar chines erhu, as raízes deste instrumento foram os instrumentos de cordas friccionados por arco mais antigos já descobertos.
O violino propriamente dito manteve-se inalterado por duzentos anos. A partir do século XIX modificou-se apenas a espessura das cordas, o uso de um cavalete mais alto e um braço mais inclinado. Inclusive, a forma do arco consolidou-se aproximadamente nessa época. Originalmente com um formato côncavo, o arco agora tem uma curvatura convexa, o que lhe permite suportar uma maior tensão das crinas, graças às mudanças feitas pelo fabricante de arcos François Tourte, a pedido do virtuose Giovanni Battista Viotti, em 1782.
O violino tem longa história na execução de músicas de raiz popular, que vem desde os seus antecessores (como a vielle). A sua utilização tornou-se mais expressiva a partir da segunda metade do século XV.
Os violinos Stradivarius são provavelmente os mais valiosos do mundo. Foram feitos mais de mil instrumentos, entre eles violinos, violas, violoncelos e outros instrumentos de cordas pelo mestre Antonio Stradivari (1644-1737), mas actualmente restam poucos destes instrumentos. Um violino Stradivarius de 1720, não dos mais famosos, foi comprado num leilão em Novembro de 1990 por 1,7 milhão de dólares. Em 2006 foi leiloado na casa de leilões Christie's um Stradivarius de 1729 (Hammer) que foi arrematado por 3,5 milhões de dólares.
Enquanto existem por volta 650 instrumentos Stradivarius sobreviventes, por outro lado também existem milhares de cópias, grande parte com marcas com a inscrição "Stradivarius", feitos em sua homenagem. 7 Muitos milhares destes foram feitos no século XIX, com marcas que indicavam o modelo de origem, sem pretensão de passarem por originais; porém com o passar do tempo a história verdadeira se perdeu, a medida que estes instrumentos são redescobertos hoje, levam seus descobridores ao engano.7
Um dos vários segredos da beleza estética dos violinos de Stradivarius reside no facto de o seu construtor os desenhar utilizando a Secção Áurea. A Secção Áurea representa um elemento de equilíbrio estético. Já a sua qualidade sonora, mesmo com as tecnologias existentes, nunca foi superada.
Como outros instrumentos de cordas, os violinos são construídos por luthiers. A luthieria ou liuteria é uma profissão artística que engloba a produção artesanal de instrumentos musicais de corda com caixa de ressonância. Tais palavras tiveram origem da construção do alaúde, que em italiano se chama liuto; portanto, liutaio significa aquele que faz alaúdes.
Tradicionalmente são instrumentos puramente acústicos, cujo som é amplificado naturalmente pela caixa de ressonância de madeira. No entanto, existem instrumentos amplificados eletronicamente, através de captadores ou microfones. Assim como as guitarras eléctricas, os violinos electrificados não necessitam de caixa de ressonância. Alguns possuem corpo maciço e outros nem possuem corpo, mas apenas molduras para a sustentação das cordas.
O violino é guardado, normalmente, num estojo cuja forma e material podem variar. Esse estojo contém necessariamente o violino, o arco, a resina, a almofada (ou espaleira), uma surdina, uma flanela para limpeza e cordas sobressalentes. Pode conter, esporadicamente, dependendo do caso, partituras, um outro arco, um metrónomo, um higrómetro, um humidificador, um diapasão, giz para conservação das cravelhas.
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A execução mais comum é a fricção do arco nas cordas. Antes de tocar o instrumento, o violinista passa sobre as cerdas uma resina chamada breu, que tem o efeito de produzir o atrito entre as cerdas e as cordas, gerando o som. O som produzido pelas cordas é transmitido ao corpo oco do violino, denominado caixa de ressonância, pela alma, um cilindro de madeira que fica dentro do corpo do violino, mais ou menos abaixo do lado direito do cavalete. A alma liga, mecânica e acusticamente, o tampo superior ao inferior do violino, fazendo com que o som vibre por todo o seu corpo.
Corpo erecto e busto para frente. As pernas devem ficar um pouco abertas para estabilizar o equilíbrio do corpo. Motivo: Quando o movimento do arco for rápido, o braço direito terá maior facilidade para executar as notas. O peso do corpo deve ficar apoiado nas duas pernas. Porém, em passagens mais aceleradas, pode-se jogar o peso só no pé esquerdo.
O violino deve ser colocado em cima da clavícula esquerda e apoiado de leve no ombro esquerdo.
O braço esquerdo deve estar na mesma direcção do pé esquerdo.
Inclinar o violino para o lado direito. Puxar a queixeira e encostá-la no queixo, para manter o violino horizontalmente. Não levantar nem baixar o ombro esquerdo; deixá-lo solto. A técnica do violino é muito delicada. Forçando-se o ombro, o movimento dos braços será impedido. Se o ombro for baixo, usar almofada (Espaleira) , para não forçar o pescoço nem o ombro. A almofada serve para adaptar o instrumento ao corpo do aluno. A queixeira deve ser adequada a cada pessoa para que o violinista fique bem à vontade.
Quando segurar o violino a posição tem de ser natural, isto é, sentir o violino como se fosse uma parte do corpo. Observadas as posições acima explicadas e o arco tocado com leveza, liberdade, harmonia de movimentos e perpendicular em relação à corda, é mais fácil tocar o instrumento.
O cotovelo esquerdo deve situar-se por baixo do tampo do violino, inclinado para a direita. Para facilitar a movimentação dos dedos esquerdos, o pulso deve estar na mesma direcção do antebraço e completamente relaxado.
A conjuntura dos dedos esquerdos deve estar na altura das cordas. Os 4 dedos (indicador, médio, anelar e mínimo) devem estar encurvados. Colocá-los na direcção da corda, para depois pousá-los.
O polegar deve estar apoiado ao de leve no braço do violino, na direcção entre os dois primeiros dedos (indicador e médio). O polegar deve estar assim para que os 4 dedos restantes se apoiem com a mesma força nas cordas. Se alguém tiver o polegar maior, este sobressairá para cima do braço do violino junto à corda sol.
Quando as cordas forem abaixadas pelos dedos, cuidado para não endurecer as falanges dos dedos, nem o cotovelo. Os dedos devem ser colocados sem força, de modo leve sobre as cordas. Quando os dedos não estão sendo usados, deixá-los na posição natural, isto é, encurvados.
Deixar o braço direito solto, como se estivesse a andar. Pegar no arco com a mão direita livre, sem modificar sua posição. Isto facilitará a movimentação do arco nas cordas.
(Deixar todo o peso do braço sobre o arco, como se o braço estivesse morto).
Forma igual à anterior, com as duas falanges do polegar um pouco curvadas. A extremidade do polegar deve estar na extremidade do talão, deixando o polegar metade para a madeira do arco e metade para o talão. O polegar deve estar perpendicular em relação ao arco.
Segurar o arco entre a 1ª e 2ª falanges do indicador e na 1ª falange do médio; deixar o dedo mínimo na forma arredondada, perto do botão do arco, e segurando pela ponta. O dedo anelar é deixado naturalmente. O polegar deve estar no meio do dedo indicador e do médio, só que do outro lado do arco.
Segurar o arco correctamente é muito importante para uma boa execução. O indicador direito controla a pressão do arco nas cordas, o que afecta o volume e o timbre do instrumento. O violinista precisa manter todo o corpo relaxado, à vontade.
É importante dizer que o dedo indicador e o dedo mínimo promovem funções importantes na intensidade do som obtido. Estas funções são chamadas de pronação e supinação,que são feitos através da ´´rotação´´ do ´´antebraço´´.
A pronação é o movimento de pressionar o dedo indicador no arco (rodar o antebraço para o lado esquerdo gerando pressão no dedo indicador), aliviando a pressão exercida pelo dedo mínimo (mindinho). Este movimento, juntamente com a velocidade com que o violinista fricciona o arco nas cordas, acarretará uma maior intensidade do som.
A supinação é o movimento de pressionar o dedo mínimo no arco (rodar o antebraço para o lado direito) aliviando a pressão do dedo indicador, fazendo com que o som seja menos intenso. NOTA: Não é necessário fazer pressão com o dedo mínimo, pois o próprio peso do talão é suficiente para a intensidade do som.
Observação: Ponta do arco: Pronação. Talão do arco: Supinação.
É importante para o violinista dominar estas técnicas, aliadas com outras, para uma melhor qualidade nas execuções.
O violoncelo
O violoncelo é um instrumento da família dos instrumentos de corda. Tocado geralmente com arco, possui quatro cordas afinadas em quintas.
O instrumento pertence à sub-família dos violinos, que engloba os instrumentos orquestrais de quatro cordas afinadas em quintas. Essa família se diferencia da familia do violão tanto pela afinação, que ali se dá em quartas em vez de quintas, tanto pela forma diferenciada do instrumento.
A característica padrão do instrumento foi estabelecida por Stradivarius, em 1680. A partir dos Concertos Espirituais de Boccherini, o violoncelo passou a ser tratado como solista, e não somente como um instrumento para compor o naipe de cordas.
Uma das primeiras citações sobre o violoncelo foi numa coleção de sonatas italianas anônimas, datada de 1665. Tornou-se popular como instrumento solista nos séculos XVII e XVIII[carece de fontes].
Pelo seu tamanho, é mais comum que seja tocado apoiado ao chão por meio de um espigão, haste de metal em sua extremidade. Usualmente, o músico deve estar sentado, com as pernas afastadas, com o instrumento entre os joelhos e o braço do violoncelo repousando sobre o ombro. As quatro cordas são afinadas em Dó, Sol, Ré e Lá, como na viola, mas uma oitava mais grave. As composições para violoncelo são escritas fundamentalmente na clave de Fá na quarta linha. A tessitura média do violoncelo é de mais de quatro oitavas - indo do Dó1 ao Fá5.
As grandes orquestras utilizam entre oito e doze instrumentistas de violoncelo no naipe, dependendo, para isso, do período histórico e estético da orquestra (orquestras românticas são maiores que as clássicas, por exemplo).
Sua sonoridade é considerada bastante expressiva, sendo conhecido como o "rei" dos instrumentos de cordas[carece de fontes]. Seu uso está mais presente na música erudita, embora sua presença seja cada vez mais comum na música popular, tanto dentro de quartetos, quintetos ou orquestras de cordas como acompanhamento, quanto em presença solo. Beatles, Belle & Sebastian, Ira! e Titãs são alguns dos diversos grupos de rock que utilizaram e utilizam o instrumento. A incursão de nomes como Yo-Yo Ma em gravações dedicadas à música popular norte-americana, argentina e brasileira e presença cada vez maior de violoncelistas dedicados ao gênero popular têm aumentado a visibilidade do instrumento.
Um dos compositores brasileiros mais interessantes da atualidade Andersen Viana compoe nao apenas para o instrumento solo ou com acompanhamento, mas tambem para Orquestra de Violoncelos, seguindo a tradicao Villalobiana. Como importantes expoentes do "violoncelo popular" cabe citar o brasileiro Jaques Morelenbaum que acompanhou diversas vezes Caetano Veloso e outros artistas da MPB e da música pop internacional como Sting, David Byrne, Cesária Évora, Adriano Celentano, e também o grupo de prog metal finlandês Apocalyptica, um trio de violoncelos, acompanhado por um baterista, que quebra com a ortodoxia padrão do instrumento[carece de fontes], ao utilizar várias técnicas como o pizzicato, e, tocar de modo muito acelerado, a fim de substituir a guitarra e o baixo. Esse estilo foi batizado como cello metal,
O trompete
O trompete ou trombeta é um instrumento musical de sopro, um aerofone da família dos metais (o trompete é o que produz o som mais agudo da família)1 , caracterizada por instrumentos de bocal, geralmente fabricados de metal. É também conhecido como pistão (pistom, por metonímia). Quem toca o trompete é chamado de trompetista.2
É constituído por corpo, chave de água, bomba de afinação, pistões, cotovelos e bocal, e terminado em pavilhão. É utilizado em diversos gêneros musicais, sendo muito comumente encontrado na música clássica, no jazz, bandas marciais e nos mariachis. Também é encontrado em estilos mais acelerados, como o frevo, o ska e latinos como o mambo e a salsa, bem como no maracatu rural, da zona da mata do norte de Pernambuco.
Basicamente, o trompete é tubo de metal cilíndrico em três quartos da sua extensão, tornando-se então cônico e terminando numa campana. O bocal, localizado do lado oposto da campana, pode possuir diferentes formatos, e quanto mais raso, mais facilmente os registros altos poderão ser tocados.3 A distância percorrida pelo ar dentro do instrumento é controlada com o uso de pistões ou chaves, que controlam a distância a ser percorrida pelo ar no interior do instrumento. Além de controladas pelos pistões, as notas são também controladas pela pressão dos lábios do trompetista e pela velocidade com que o ar é soprado no instrumento.
O trompete é muitas vezes confundido com o seu “parente mais próximo” - o cornetim. Porém, o cornetim tem um tubo mais cônico, e o trompete tem o tubo mais cilíndrico. Isto, junto com curvas adicionais na tubulação do cornetim, dá a este um tom um pouco mais aveludado. Eles têm o mesmo comprimento da tubulação e, portanto, o mesmo passo, por isso a música escrita para o cornetim e a trompete é intercambiável. Outro parente, o fliscorne (muito empregado no Jazz e música popular; e em músicas mais movimentadas, expressando outro timbre), tem tubulação mais cônica do que a trombeta tradicional, e um tom mais rico. Às vezes é aumentado com uma válvula de quarto para melhorar a entonação de algumas notas mais baixas.
Desde meados do século XIX (1815) o trompete está munido de três pistões, o que lhe permite produzir cromáticamente todos os sons dentro da sua extensão. Tem um bocal hemisférico ou em forma de taça.
A maioria dos modelos modernos de trompete possui três válvulas de pistão, cada uma delas aumentando o comprimento do tubo, por consequencia baixando a altura da nota tocada. A primeira válvula baixa a nota em um tom (dois semitons), a segunda válvula em meio tom (um semitom) e a terceira em um tom e meio (três semitons). Usadas isoladamente e em combinação, as válvulas fazem do trompete um instrumento totalmente cromático, isto é, capaz de tocar as doze notas da escala cromática.
Dos instrumentos musicais, depois da voz humana, pode-se dizer que o trompete é um dos instrumentos mais antigos. Ele nasceu da necessidade que os pastores tinham para conduzir os seus rebanhos e para assustar animais pré-históricos. Eram ainda usados à maneira de um megafone, para fins mágicos ou rituais: cantava-se ou gritava-se para dentro do tubo para afastar os maus espíritos. Nessa época ele não tinha afinação ou escala, e eram feitos a partir de tubos de cana, bambu, madeira ou osso e até conchas. Mais tarde, os romanos e outros povos construíram-no de metal para ser utilizado para fins militares. Seus toques comunicavam as ordens para o exército agir em combate.4
Embora os trompetes sejam instrumentos de tubo essencialmente cilíndrico, há trompetes extra-europeus (por exemplo, as do antigo Egipto) que são nitidamente cónicos.
A partir da Idade do Bronze as trompetes passaram a ser usadas sobretudo para fins marciais. Na Idade Média as trompetes eram sempre feitas de latão, usando-se também outros metais, marfim e cornos de animais. No entanto, tinham uma embocadura já semelhante à dos instrumentos atuais: um bocal em forma de taça. Este bocal era muitas vezes parte integrante do instrumento e não uma peça separada, como acontece atualmente.
Até fins da Renascença predomina ainda a trompete natural, ou trombeta natural (aquela que produz os harmónico naturais). As trombetas menores eram designadas por clarino. Era habitual, ao utilizar várias trombetas em conjunto, cada uma delas usar só os harmônicos de uma determinada zona da sua extensão. Durante o período Barroco os trompetistas passaram a se especializar em cada um destes registos, sendo inclusive remunerados em função disso. O registo clarino, extremamente difícil, era tocado apenas por virtuosos excepcionais, capazes de tocar até ao 18.º harmônico. A trombeta natural no registo de clarino tem um timbre particularmente belo, bastante diferente do timbre do trompete atual.
O desaparecimento, após a Revolução Francesa, de pequenas cortes que mantinham músicos foi uma das razões que fizeram com que os executantes de clarino desaparecessem também no fim do século XVIII.5 A impossibilidade de produzir mais sons para além de uma única série de harmônicos era a maior limitação dos instrumentos naturais. Já no principio do Barroco este problema começa a ser encarado seriamente, surgindo as trompetes de varas.
Existe em Berlim uma trombeta de 1615 em que o tubo do bocal pode ser puxado para fora 56cm, aumentando o comprimento do tubo o suficiente para o som baixar uma terça. Vários instrumentos, hoje obsoletos, foram construídos como resultado de invenções e tentativas, até a criação do sistema de válvulas (ou pistões), idealizado pelo alemão Heinrich Stölzel, em 1815, para instrumentos de metal. Em 1939 o francês Périnet patenteou um sistema de válvulas chamado “gros piston” que é a origem das válvulas utilizadas hoje em dia nas trompetes.6 Surge então uma nova era, não só para o trompete como também para outros metais, pois com esse sistema de válvulas eles ficaram completamente cromáticos.
Com a utilização de um equipamento conhecido por surdina, é possível se modificar o som das trompetes, através da obstrução da campânula. Diferentemente do método utilizado na trompa, onde se usa a mão esquerda, no trompete a surdina é colocada na campânula, fechando-se a saída do ar. Assim, é possível mudar o timbre ou produzir efeitos especiais. Os tipos de surdinas são:7
Assim que compositores como Berlioz e Rossini, e, mais tarde, Stravinsky e Shostakovitch começaram a escrever partes para trompete nas suas obras, o trompete começou a se tornar um instrumento muito mais popular. A utilização intensiva do trompete na chamada “Jazz music” levou a que as potencialidades deste instrumento e a técnica dos instrumentistas fossem levadas ao extremo. Isto gerou vantagens não apenas ao nível deste gênero musical, mas também dos variados domínios artísticos onde o trompete assumiu um papel fundamental. Nas bandas filarmônicas coexistem hoje em dias diversas variantes do trompete, das quais se destacam o fliscorne e o cornetim.8
Desde os primórdios, já existiram trompetes de diversos formatos, e feitos de diferentes tipos de materiais. Inicialmente eram retos, e a partir do século XV os construtores começaram a modelar trompetes em formato de "s". Mas foi somente no século XX (com a invenção dos pistões) que o instrumento tomou a forma que conhecemos hoje.
Volume do instrumento (dB):
Com trombetas distorcidas e harpas envenenadas.
Mundo inteiro vai pirar, com o heavy-metal do Senhor...!”O trompete na cultura popular, tal qual como representado no trecho citado acima, tem uma forte ligação com a religião e com a guerra. Não a toa, o trompete é bastante utilizado em bandas marciais. Em vários trechos da Bíblia, é possível observar seu uso em cerimônias religiosas. Uma das mais famosas histórias da Bíblia conta que a cidade de Jericó foi tombada pelo som das trombetas.21 . No livro A Ilíada, de Homero, é citado o seu uso durante a legendária guerra troiana.
Algumas citações da Bíblia, em que é possível se observar o uso da trombeta em rituais religiosos e batalhas:
Na mitologia grega, o inventor do trompete foi Tyrsenus, filho de Héracles e uma mulher da Lídia23 . Esta mulher da Lídia costuma ser identificada pelos analistas como Ônfale24 , rainha governante da Lídia a quem Héracles serviu como escravo25 .
- Eu toco tão forte quanto Louis Armstrong, tão agudo quanto Maynard Ferguson, tão bem quanto Dizzy Gillespie e sou tão criativo quanto Chet Baker. Olha só.
Ele toca alguma coisa, e aí o líder da banda:
- Eu desejaria que você estivesse tão morto quanto o Miles Davis!"
O trombone
O trombone é um aerofone da família dos metais. É mais grave que o trompete e mais agudo que a tuba.
Há duas variedades de trombone, quanto à forma:
A família do trombone apresentava originalmente os instrumentos Soprano, Contralto, Tenor, Barítono e Baixo. Com a evolução da música, alguns tipos foram sendo abandonados. O Romantismo consagrou o trombone tenor como o mais nobre da família.
Na atualidade utilizam-se muito frequentemente o trombone Tenor-Baixo, em Si bemol - Fá, e modelos dotados de válvulas mecânicas acionadas com a mão esquerda.
Da trompa primitiva importado do Egito à construção em cobre, em prata e, mais tarde na Idade Média, "Oricalchi" (liga especial idêntica ao latão) onde o nome dos "Oricalchis" aos instrumentos de metais e de sopros trazem às origens: o trombone de vara. A antiga trompa era de forma reta, com um bocal em sua extremidade superior enquanto que, em sua extremidade inferior se formava uma campana, representando a cabeça de um animal.
Documentações e pinturas de Peregrino, como as que se conservam no Escorial (Palácio dos Reis) em Madrid, levam a crer que um dos primeiros trombones de vara foi inventado e usado por Spartano Tyrstem no final do século XV.
Não se sabe ao certo como era chamado o trombone de vara antes do século XVI. A partir daí, o "Sacabucha" era tratado na Itália por "trombone a tiro" (trompa spezzata); na Alemanha, "Zugpousane"; na Inglaterra, “Sackbut”; e na França, "trombone à coulisse".
Até então, os instrumentos de cobre a bocal tinham sua gama de sons limitada aos sons harmônicos de um som fundamental, que dependia do comprimento total do instrumento. Por isso, a princípio, trocava-se de instrumento de acordo com a tonalidade da música a ser tocada. Posteriormente, foi desenvolvido um sistema de módulos com encaixes, que permitiam aumentar ou diminuir o tamanho do instrumento, alterando seu som fundamental.
O trombone foi o primeiro instrumento de cobre que apresentava a vara móvel. Tratava-se de uma evolução do sistema de módulos em que, em vez de encaixar e desencaixar partes, bastava correr a vara ao longo do instrumento para aumentar ou diminuir o tamanho do tubo. Dessa forma, podia-se dispor de sete sons fundamentais - obtidos a partir de sete posições da vara - além de todos os seus harmônicos, o que permitia executar no instrumento a escala cromática. Por isso, à época, foi considerado o mais perfeito instrumento de bocal.
Dos instrumentos da família do trombone, o soprano foi rapidamente abandonado porquanto não era uma trompa talhada no registro agudo, ficaram o trombone contralto em Mib, o tenor em Sib e o baixo em Fá. Há diversas composições para trombone contralto, tenor e baixo que adicionam ainda uma corneta a fim de realizar a parte do soprano. Existe uma Sonata de Giovanni Gabrieli (1597) composta para quarteto, em que uma das partes de corneta se tem substituído pelo violino.
Ao desuso do trombone soprano seguiu-se o desuso do trombone contralto, restando sobretudo o trombone tenor em sib. Pela aplicação de uma bomba mestra colocada em ação por um quarto pistom no trombone de pistom e uma válvula rotatória posta em ação pelo polegar esquerdo no trombone tenor em substituição do trombone baixo. Sabe-se que o trombone contrabaixo ou "Cimbasso" de forma igual a do trombone tenor, a uma oitava inferior deste, foi construído por Giuseppe Verdi para obter maior homogeneidade na família dos trombones.
Na segunda metade do século XVII não houve grandes avanços técnico no trombone de vara. Preocupava-se, à época, com os demais instrumentos de bocal, cuja insuficiência se manifestava cada vez mais evidente, principalmente depois do insucesso de Halernof com a aplicação da bomba coulisse primeiro ao corno e depois à trompa por volta de 1780, em busca de uma solução para dotar esses instrumentos de escala cromática.
A partir das cinco ou seis chaves, que funcionavam sobre orifícios num sistema de alavanca semelhante ao dos clarinetes e flautas do austríaco Weidinger e do inglês Halliday e, e da "encastre a risorte" aplicado à trompa pelo francês Legrain, se chegou aos pistons inventados por Bluhmel e aplicados à trompa pela primeira vez por Stölzel em 1813. Essa invenção consiste em três tubos suplementares de diferentes comprimentos comunicados com o tubo principal por meio de válvulas.
Em 1829, o fabricante vienense Riedl inventou os duplos pistons (dois pistons para cada bomba, por meio das alavancas que ficavam fixas) aplicando-lhe como pedais da harpa para trocar rapidamente de tonalidade. O novo mecanismo foi logo bem substituído pelo mesmo Riedl por cilindros ou válvulas rotatórias acionadas por através de alavancas com muito pouca diferença do mecanismo que se aplica hoje em dia. O tal mecanismo tomou o nome de instrumento à máquina.
O fabricante Adolphe Sax elevou a seis o número de pistos, chamando "sistema dos instrumentos a seis pistons independentes", a fim de obter melhor afinação, especialmente nas notas que requerem o emprego simultâneo de dois e três pistons. Mas, a inovação não teve êxito, por seu complicado mecanismo que provocara um manejo muito incômodo dos instrumentos e logo foi abandonado. Por superioridade pertence sem lugar às dúvidas, a invenção de Riedl.
Apesar de todas estas transformações e inovações, atualmente o trombone a máquina (pistons) não é um istrumento indicado para orquestras. Pode ser encontrado geralmente em fanfarras e bandas marciais.
Chegamos hoje ao atual trombone de vara tenor em sib usado em diversos países, tendo preferências nas Jazz-bands, bandas sinfônicas, orquestras de estações de rádios, orquestras de salão, orquestras sinfônicas e filarmônicas, o qual, pela exata proporção das medidas entre suas várias partes e a ótima qualidade do metal empregado em sua fabricação, permite obter afinação precisa e formosa qualidade de som, realizando assim todas as exigências da orquestração moderna. -->
Os modelos mais utilizados hoje em dia são:
Os calibres acima podem variar de acordo com o fabricante. Apesar dos três modelos acima serem em Bb, eles são bem diferentes por causa do seu calibre. O calibre muda muito o timbre do instrumento. O Trombone Baixo hoje em dia é fabricado em Bb, porém com um calibre maior que o Tenor Sinfônico, e com dois rotores que afinam em F, Gb e quando os dois acionados juntos afinam em D.
Outro fato é que apesar do trombone ser conhecido por ter a afinação em Bb, a sua escrita é realizada em C, portanto o trombone não é um instrumento transpositor, como o trompete é por exemplo.
A tuba
A tuba é um instrumento musical de sopro da família dos metais. Consiste num tubo cilíndrico recurvado sobre si mesmo e que termina numa campânula em forma de sino. Dotado de bocal e de três a cinco pistões, possui todos os graus cromáticos.
Existem tubas de vários tamanhos: tenor (também chamado de eufônio), baixo e contrabaixo. Desde o seu aparecimento, na primeira metade do século XIX, logo foi incorporado nas orquestras sinfônicas.
A tuba é originária do “oficleide”, uma trompa de chaves grave, utilizada por volta de 1800 (século XIX), ainda antes da invenção do sistema de pistões. Este instrumento começou a ganhar popularidade nas pequenas bandas de metais da Grã-Bretanha, onde um antecessor do atual Sousafone, chamado Helicon, era usado devido à sua portabilidade (mais fácil de transportar).
Mais tarde, Richard Wagner utilizaria uma variante deste instrumento (basicamente uma tuba baixo mas com um bocal de trompa), razão pela qual surgiu a chamada Tuba Wagneriana. Em 1860, John Philip Sousa patenteou um novo tipo de tuba baseado no Helicon, dando origem ao atualmente chamado Sousafone.
Por esta altura, os alemães Johann Moritz e Wilhelm Wieprecht construiram o modelo de tuba que seria o precursor do modelo mais utilizado hoje em dia. Desde esta altura, o design e conceito geral da Tuba permaneceram inalteráveis, mas diversas variantes foram sendo introduzidas, incluindo instrumentos com 4, 5 e 6 pistões, pistões com válvulas rotativas, Sousafones em fibra de vidro (para serem usados em desfiles).
Atualmente, as tubas podem ser encontradas nas mais diferentes formas e combinações. Existem quatro afinações para Tuba. As Tubas Baixas que são afinadas em MIB e FA e as Tubas Contra-Baixas que são afinadas em DÓ e SIB. A Tuba é um instrumento que tem uma extensão muito variada. Pelos tipos que dela são encontrados, a extensão média da tuba é do (Dó-1 ao Fá3), podendo variar muito de acordo com a tuba e com quem a executa. Assim, encontramos Tubas com campânulas desde 36 a 77 centímetros de diâmetro, voltadas para cima ou para a frente, lacadas ou cromadas, com pistões normais ou com válvulas rotativas (ou ambos), com 2 até 6 pistões etc. e a variedade é ainda maior se adicionarmos as várias cambiantes dos Sousafones (como por exemplo o raríssimo Sousafone com 2 campânulas).
Nas bandas filarmônicas, cabe às Tubas o fundamental papel de suporte harmônico, uma vez que compõe o naipe de instrumentos que atua no registo grave.
As Tubas, independente de seus tipos, podem possuir pistos ou rotores (válvulas), que abrem e/ou fecham tubos metálicos e forma a alterar a cirulação do ar advindo do sopro e consequentemente alterar a sonoridade. As válvulas são encontradas com mais frequencia em Tubas grandes e profissionais e facilitam a troca rápida de notas em músicas que exigem agilidade. Os Tubas menores normalmente são utilizados por aprendizes ou em orquestras que não exijam muita agilidade.
A maioria das Tubas podem possuir 3 ou 4 pistos ou rotores. O 4o. pisto é utilizado para facilitar ao músico adicionar uma oitava mais grave em seu repertório.
Os tipos de Tubas mais conhecidos são:
Nome dado a tubas com a tubagem horizontal, parecida com a tubagem de um trompete. É colocada sobre o ombro esquerdo do executante, e foi concebida para facilitar o transporte em marchas. Nos Estados Unidos é muito usada em Drum e Bugle Corps e é conhecida como contrabass bugle ou "contra".
Nome dado a Tubas com forma circular, envolvendo o corpo do executante, e com a campânula dirigida para a frente. Era muito usado nas bandas brasileiras do começo do século XX, pois os sousafones ainda não haviam chegado ao Brasil.
O Sousafone é um instrumento também da família das Tubas de tamanho grande. O seu formato evoluiu a partir do Helicon circular, mas a tubagem termina em “S” e a campânula (também dirigida para a frente) é maior.
A Tuba não é um instrumento transpositor. Essa tradição parte do princípio que todo material escrito para instrumentos graves antes da invenção da tuba(serpent, oficleide)eram escritos em dó. A existência de instrumentos de tais afinações (Dó, Sib, Fá e Mib) apenas é diferenciada pela extensão, ou seja, o limites de alcance de suas notas e sua tessitura (também diferenciada).
Saxofone
Saxofone, também conhecido popularmente como sax, é um instrumento de sopro patenteado em 1846 pelo belga Adolphe Sax, um respeitado fabricante de instrumentos, que viveu na França no século XIX. Os saxofones são instrumentos transpositores, ou seja, a nota escrita não é a mesma nota que ouvimos (som real ou nota de efeito). A maior parte dos saxofones são em B♭ (como o sax tenor e o soprano) ou em E♭ (como o sax alto e o barítono).
Ao contrário da de muitos dos modos de instrumentos tradicionais, que para chegar ao seus formatos atuais foram evoluídos de instrumentos mais antigos, dos quais muitas vezes não se conhece o inventor, o saxofone foi um instrumento deliberadamente inventado. Seu inventor foi o belga Antonie Joseph Sax, mais conhecido pela alcunha de Adolphe Sax. Filho de um fabricante de instrumentos musicais, Adolphe Sax aos 25 anos foi morar em Paris, onde começou a trabalhar no projeto de novos instrumentos. Ao adaptar uma boquilha semelhante à do clarinete a um oficleide, Sax teve a ideia de criar o saxofone. A data exata da criação do instrumento foi em 28 de junho de 1840[carece de fontes].
Ao longo do tempo, diversas modificações foram feitas, como a chave de registro automática, introduzida no início do século XX em substituição às duas chaves de registro que deveriam ser alternadas manualmente pelo instrumentista. Entretanto, as características gerais do instrumento permanecem as mesmas dos originais criados por Adolphe Sax.
O saxofone é um instrumento fabricado em metal, geralmente latão, com chaves, numa mecânica semelhante à do clarinete e à da flauta. É composto basicamente por um tubo cônico, com cerca de 26 orifícios que têm as aberturas controladas por cerca de 23 chaves vedadas com sapatilhas feitas de couro e uma boquilha que pode ser de metal ou de resina, na qual se acopla uma palheta de bambu ou de material sintético.
A família do saxofone é extensa. Todos os membros compartilham a mesma digitação e a escrita é sempre em clave de sol, variando a transposição de acordo com o registro do instrumento. Dentre os sete instrumentos originalmente produzidos, há:
O projeto de Adolphe Sax previa um instrumento ainda mais grave que o saxofone contrabaixo, entretanto, esse instrumento não chegou a ser produzido.
Além desses, há outros instrumentos, desenvolvidos posteriormente:
A boquilha é a peça que se encaixa na extremidade mais fina do saxofone e na qual é fixada a palheta. Seu funcionamento é semelhante ao de um apito, que gera as vibrações que irão percorrer o corpo do instrumento. As boquilhas podem ser fabricadas em diversos materiais: massa plástica, metais, acrílico, madeira, vidro e até mesmo osso, contudo as de massa plástica e de metais são as mais utilizadas.
O formato das boquilhas também pode variar, tanto externamente quanto internamente. Alterações nos formatos implicam alterações significativas do som produzido, e devido a este fato, a escolha da boquilha é uma decisão muito pessoal para cada saxofonista. Não existe um padrão entre as fábricas e cada fabricante produz, geralmente, boquilhas com várias aberturas.
Grosso modo, duas medidas internas são definidas: a altura da abertura e a sua profundidade. Quanto maior for a abertura e menor a profundidade, mais estridente será o som produzido, já o contrário resulta num som abafado e pequeno[carece de fontes].
A palheta está para o saxofone assim como a corda está para os instrumentos de corda. Ela é a responsável pela emissão do som pelo instrumento. Ao soprarmos a boquilha, é gerada uma coluna de ar que faz vibrar a palheta, produzindo o som.
As palhetas são fabricadas com madeira, geralmente cana ou bambu, porém existe palhetas sintéticas, como a Fibracell, feita de um material de fibra e a Légere e Bari, confeccionada em acrílico. Existem numerações para determinar o nível de dureza e de resistência à envergadura de uma palheta, mas esta numeração não é padronizada, varia de fabricante para fabricante. Quanto mais dura é a palheta, maior é o esforço para a emissão da nota, contudo menor é o esforço para manter o controle da afinação[carece de fontes]. 2
O piano
O piano1 (apócope derivado do italiano pianoforte2 ) é um instrumento musical de cordas, pelo sistema de classificação de Hornbostel-Sachs.3 . Os principais artistas da música, assim como grandes dançarinos, tocam (ou tocavam) piano. A maioria dos métodos aconselha o dedilhado com as mãos, porém há métodos mais radicais que o sugerem com os pés.
O som é produzido por peças feitas em madeira e cobertas por um material (geralmente feltro) macio e designados martelos, e sendo ativados através de um teclado, tocam nas cordas esticadas e presas numa estrutura rígida de madeira ou metal. As cordas vibram e produzem o som. Como instrumento de cordas percutidas por mecanismo ativado por um teclado, o piano é semelhante ao clavicórdio e ao cravo. Os três instrumentos diferem no entanto no mecanismo de produção de som. Num cravo as cordas são beliscadas. Num clavicórdio as cordas são batidas por martelos que permanecem em contacto com a corda. No piano o martelo afasta-se da corda imediatamente após tocá-la deixando-a vibrar livremente.4
Teve a sua primeira referência publicada em 1711, no "Giornale dei Litterati d'Italia" por motivo da sua apresentação em Florença pelo seu inventor Bartolomeo Cristofori. A partir desse momento sucede-se uma série de aperfeiçoamentos até chegar ao piano atual. A essência da nova invenção, residia na possibilidade de dar diferentes intensidade aos sons e por isso recebeu o nome de "pianoforte" (que vai do pianíssimo ao fortíssimo) e mais tarde, reduzido apenas para piano. Tais possibilidades de matrizes sonoras acabaram por orientar a preferência dos compositores face ao clavicêmbalo.5
Os pianos modernos, embora não se diferenciem dos mais antigos no que se refere aos tons, trazem novos formatos estéticos e de materiais que compõem o instrumento podem ser feitos de madeira, chocolate e endívias. Um piano comum tem, geralmente, oito lás, oito sis bemóis, oito sis, oito dós, sete dós sustenidos, sete rés, sete mis bemóis, sete mis, sete fás, sete fás sustenidos, sete sóis e sete sóis sustenidos, formando um total de 88 notas musicais.6 Se for um de 97 notas musicais, do tipo Bösendorfer 290, ele terá nove dós, oito dós sustenidos, oito rés, oito mis bemóis, oito mis, oito fás, oito fás sustenidos, oito sóis, oito sóis sustenidos, oito lás, oito sis bemóis e oito sis.
O piano é amplamente utilizado na música ocidental, no jazz, para a performance solo e para acompanhamento. É também muito popular como um auxílio para compor. Embora não seja portátil e tenha um alto preço, o piano é um instrumento versátil, uma das características que o tornou um dos instrumentos musicais mais conhecidos pelo mundo.7
Existem duas versões do piano moderno: o piano de cauda e o piano vertical (piano armário).
O piano de cauda tem a armação e as cordas colocadas horizontalmente. Necessita por isso de um grande espaço pois é bastante volumoso. É adequado para salas de concerto com tetos altos e boa acústica. Existem diversos modelos e tamanhos, entre 1,8 e 3 m de comprimento e 620 kg. Pianos excecionais : todos os fabricantes fazem piano pianos excecionais (artcase), alguns são apenas decorações ou mudanças dramáticas nos atuais (pés trabalhados, pintura, capa) são outras alterações radicais como o Pegasus] por Schimmel ou o M. Liminal projetado por NYT Line e composto por Fazioli.7
O piano de armário tem a armação e as cordas colocadas verticalmente. A armação pode ser feita em metal ou madeira. Os martelos não beneficiam da força da gravidade.7
Pode considerar-se um outro tipo de piano: o piano automático ou pianola. Trata-se de um piano com um dispositivo mecânico que permite premir as teclas numa seqüência marcada num rolo.
Alguns compositores contemporâneos, como John Cage, Toni Frade e Hermeto Pascoal, inovaram no som do piano ao colocarem objetos no interior da caixa de ressonância ou ao modificarem o mecanismo. A um piano assim alterado chama-se piano preparado.
A Família Real portuguesa incentivou o uso do pianoforte no Brasil.
Praticamente todos os pianos modernos têm 88 teclas (sete oitavas mais uma terça menor, desde o lá0 (27,5 Hz) ao dó8 (4.186 Hz)). Muitos pianos mais antigos têm 85 teclas (exatamente sete oitavas, desde o lá0 (27,5 Hz) ao lá7 (3.520 Hz)). Também existem pianos com oito oitavas, da marca austríaca Bösendorfer. As teclas das notas naturais (dó, ré, mi, fá, sol, lá e si) são brancas, e as teclas dos acidentes (dó ♯, ré ♯, fá ♯, sol ♯ e lá ♯ na ordem dos sustenidos e as correspondentes ré ♭, mi ♭, sol ♭, lá ♭ e si ♭ na ordem dos bemóis) são da cor preta. Todas são feitas em madeira, sendo as pretas revestidas geralmente por ébano e as brancas de marfim, já em desuso e proibido no mundo, ou de material plástico.
Os pianos têm geralmente dois ou três pedais, sendo sempre o da direita o que permite que as cordas vibrem livremente, dando uma sensação de prolongamento do som. Permite executar uma técnica designada legato, como se o som das notas sucessivas fosse um contínuo. Compositores como Frédéric Chopin usaram nas suas peças este pedal com bastante frequência.
O pedal esquerdo é o chamado una corda. Despoleta nos pianos de cauda um mecanismo que desvia muito ligeiramente a posição dos martelos. Isto faz com que uma nota que habitualmente é executada quando o martelo atinge em simultâneo três cordas soe mais suavemente pois o martelo atinge somente duas. O nome una corda parece assim errado, mas nos primeiros pianos, mesmo do inventor Cristofori, o desvio permitia que apenas uma corda fosse percutida. Nos pianos verticais o pedal esquerdo consegue obter um efeito semelhante ao deslocar os martelos para uma posição de descanso mais próxima das cordas.
O pedal central, chamado de sostenuto possibilita fazer vibrar livremente apenas a(s) nota(s) cujas teclas estão acionadas no momento do acionamento dos pedais. As notas atacadas posteriormente não soarão livremente, interrompendo-se assim que o pianista soltar as teclas. Isso possibilita sustentar algumas notas enquanto as mãos do pianista se encontram livres para tocar outras notas, o que é muito útil ao realizar, por exemplo, passagens em baixo contínuo. O pedal sostenuto foi o último a ser incrementado ao piano. Atualmente, quase todos os pianos de cauda possuem esse tipo de pedal, enquanto entre pianos verticais ainda há muitos que não o apresentam. Muitas peças do século XX requerem o uso desse pedal. Um exemplo é "Catalogue d'Oiseaux", de Olivier Messiaen.
Em muitos pianos verticais, nos quais o pedal central de sostenuto foi abolido, há no lugar do pedal central um mecanismo de surdina, que serve apenas para abafar o som do instrumento.
Recentemente os chamados pianos elétricos passaram por uma grande evolução. São chamados de SP (Stage Piano ou piano de palco). Têm exatamente o mesmo número de teclas do piano acústico e aproximam-se cada vez mais do seu som, onde nos mais atuais, possuem ate timbres de gravações de alta fidelidade dos mais famosos pianos acústicos do mundo, entre eles o Steinway, Yamaha, Bösendorfer, etc. Muitos possuem ainda sons de outros instrumentos musicais, como no caso dos teclados eletrônicos. O 'som' do piano elétrico é na verdade uma gravação do 'som autêntico' de um piano acústico, com amostras sonoras chamadas de "samples". Suas teclas são 'sensitivas', pois simulam a intensidade sonora do piano convencional. Muitas vezes, nesse grupo do conjunto timbres, teclas e funções, não deixam nada a desejar em relação a algumas marcas de pianos acústicos. Hoje a popularização desses SP é muito grande no mundo face aos preços mais acessíveis e grande poder de transporte.
«Os afinadores de piano não o afinam; desafinam-no (temperam-no) de uma maneira controlada»
Não é possível num instrumento com teclado ou com trastos obter quintas, terças e oitavas todas «justas» no sentido físico do termo, ou seja, perfeitamente consonantes. Em outras palavras, se forem afinadas todas as quintas sem batimento, haverá batimentos para a oitava. E as terças não serão justas. Para chegar a oitavas perfeitas o afinador tem que encurtar uma ou mais quintas. O temperamento de uma escala é exatamente o ajuste dos intervalos entre as notas, afastando-os do seu valor natural «harmônico», para fazer com que os intervalos caibam numa oitava.
No sistema de temperamento igual, que (geralmente) é o adotado atualmente no ocidente, os intervalos de quinta, terça e quarta não são perfeitamente consonantes. Mas o seu batimento é bem suportável e o ouvido contemporâneo já se habituou a ele. Só as oitavas são perfeitas. As quartas aumentadas (ou quintas diminutas) ainda que não sejam consonantes, também tem seu valor harmônico exato.
Hoje em dia, depois de afinarem bem cada quinta, os afinadores encurtam-na ligeiramente temperando-a até que se ouça uma flutuação distinta de volume que tem um som «ondulante» - o que se chama um batimento. Na oitava central do piano, as quartas e quintas devem soar com aproximadamente um batimento (uma ondulação) por cada dois segundos, enquanto as terceiras maiores e as terceiras menores devem criar aproximadamente três batimentos por segundo.
Exceto as oitavas, nenhum outro intervalo fica a soar «puro» acusticamente, embora a impureza seja suficientemente fraca para ser tolerável pelo ouvido. Mas só assim é possível conseguir que uma mesma melodia tocada em várias tonalidades soe do mesmo modo.
Além disso, os bons afinadores de piano aumentam as oitavas nos graves e nos agudos, para terem em conta as características da perceção auditiva humana. O que acontece é que o material com que são feitas as cordas provoca a existência de harmônicos ligeiramente mais elevados do que os que correspondem a razões de inteiros, o que faz com que uma oitava só soe bem se for ligeiramente aumentada («stretched octave»). Tipicamente, as oitavas mais graves acabam por ficar cerca de 35 cents mais curtas e as mais agudas 35 cents mais longas do que a oitava central. O efeito é menor num piano de cauda, por ter cordas mais longas.
E não se deve de fato usar um temperamento igual nos agudos. Porque, com um temperamento igual, se executarmos passagens menos rápidas nas regiões agudas, usando terças, já surgem cerca de 40 batimentos por segundo o que cria uma espécie de linha de baixo fundamental abominável, muito perto do verdadeiro baixo, que soa como se estivesse a ser tocada num instrumento desafinado.
É de referir que um piano normalmente fica, pelo menos, ligeiramente desafinado quando é transportado ou quando é sujeito a fortes correntes de ar.
Arcodion
Acordeão | |
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Classificação Hornbostel-Sachs | 412.132 |
Família |
O acordeão ou acordeom, também chamado sanfona1 e gaita2 3 , é um instrumento musical aerofone de origem alemã, composto por um fole, um diapasão e duas caixas harmónicas de madeira.
"Acordeão" e a corruptela acordeom vêm do alemão akkordium, pelo francês accordéon4 . "Sanfona" vem do grego symphonía, pelo latim symphonia e pelo latim vulgar sumphonia5 .
Em 2700 a.C., foi inventado, na China, o instrumento musical denominado cheng, que é tocado até hoje. É uma espécie de órgão portátil tocado pelo sopro da boca. Tem a forma de uma fénix, que os chineses consideram a rainha entre as aves. O cheng é dividido em 3 partes:
O recipiente de ar parece o bojo de um bule de chá. O canudo de sopro tem a forma de um bico de bule ou do pescoço de um cisne. A quantidade dos tubos de bambu variava, porém, a mais usada é a de 17. Interessante é que, destes 17 tubos de bambu, 4 não têm a abertura embaixo para a entrada do ar, sendo, portanto, mudos e colocados somente por uma questão de estética. Na parte superior do recipiente de ar ou reservatório de ar, existem as perfurações onde são fixados os tubos de bambu. Em cada tubo, é colocado a lingueta ou palheta, para produzir o som. Este recipiente (espécie de cabaça) é abastecido constantemente pelo sopro do músico, que tapa, com as pontas dos dedos, os pequenos orifícios que existem na parte inferior de cada tubo. De acordo com a música a ser executada, ele vai soltando os dedos, podendo formar até acordes. Em cada tubo de bambu, há um caixilho próprio para ser colocada a lingueta, presa por uma extremidade e solta na outra, que vibra livremente quando o ar comprimido a agita.
O cheng é o precursor do harmónio e do acordeão, pois foi o primeiro a ser idealizado e construído na família dos instrumentos de palheta. De acordo com a região que era usado, o cheng recebia nomes diferentes: schonofouye , hounofouye, tcheng, cheng, khen, tam kim, yu, tchao e ho. De acordo com o padre jesuíta Amiot, o cheng foi levado da China para São Petersburgo, na Rússia, onde Kratzenstein (Christien Theophile), doutor em filosofia, em medicina e professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Copenhague, nascido em Wernigerode, na Prússia, em 1723, examinou o instrumento e verificou que o seu agente sonoro era uma lâmina de metal que vibrava por meio do sopro, produzindo sons graves e agudos.
Ele sugeriu que Kirschnik aplicasse, nos tubos dos órgãos de sua fabricação, esta lâmina livre de metal, o que foi feito em 1780. Da Rússia, passou para a Europa, tendo a Alemanha tomado grande interesse sobretudo nos instrumentos de órgão. Foi daí que Christien Friederich Ludwig Buschmann, fabricante de instrumentos, teve a ideia de reunir várias lâminas afinadas e fixadas numa placa formando uma escala cujos sons se faziam ouvir passando rapidamente através do sopro, isto em 1822. Mais tarde, ele transformou esta pequena placa num instrumento musical para brinquedo de criança, tocado com as duas mãos, ao qual deu o nome de handaolina ou harmónica de mão. Para tanto, aumentou o número de palhetas de metal e o tamanho do aparelho , anexando- lhe um pequeno fole e uma série de botões. Este instrumento, depois, segundo a história, foi aperfeiçoado por Koechel e, 7 anos mais tarde, o austríaco Cirilo Demian construiu, em Viena, um instrumento rudimentar de palheta livre, teclado e fole, ao qual, em virtude de ter 4 botões na parte da mão esquerda que, ao serem tocados com os dedos afundados, permitiam a obtenção do acorde, deu o nome de acordeão, nome que ficou definitivamente ligado ao instrumento através de inúmeros aperfeiçoamentos.
O sistema de palheta livre já havia sido aperfeiçoado por Grenié em 1810, na França, sendo rico em sonoridade e dando origem ao órgão. O francês Pinsonat empregou o mesmo sistema no alamiré ou diapasão tubular que veio a chamar-se tipófono ou tipótono e do qual se originou a gaita de boca, cuja invenção se deve a Eschenbach. A gaita de boca é um conjunto de palhetas metálicas como linguetas, dispostas cada uma em seu caixilho e vibradas pelo ar soprado pela boca. Na França, o acordeão foi aperfeiçoado em 1837 por C. Buffet. Segundo todos os tratados sobre o assunto, o acordeão nada mais é do que o aperfeiçoamento de diversos instrumentos do mesmo género, como o oeline de Eschenbach, o aerophone de Christian Dietz, a physarmónica de Hackel etc., tomando, desde esta data, sua forma definitiva e seus variados registos para mudança de intensidade e timbre do som.
Mais tarde, com a escala cromática, o acordeão pôde produzir qualquer melodia ou harmonia e inúmeros fabricantes o aperfeiçoaram colocando registros, tanto na mão direita com na esquerda, para maior variedade de sons. É na Itália que se fabricam os melhores acordeões6 , tendo sido os primeiros construídos em 1863 em Castelfidardo, em Ancona, surgindo depois Paolo Soprani e Stradella-Dellapé. Nos Estados Unidos, há diversas fábricas, sendo a marca Excelsior a mais famosa. Na Alemanha, foi construído o primeiro acordeão em 1822, em Berlim. Vem desse país a marca Hohner.
No Brasil, também tiveram grande destaque os acordeões Todeschini, da cidade de Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul. Mesmo com uma interrupção na fabricação de mais de 30 anos, os acordeões desta marca continuam tendo preferência nacional por ter um som inconfundível. Ao longo de sua história, a Todeschini produziu mais de 170 000 acordeões. A qualidade dos produtos era tão grande que a Todeschini passou a fabricar acordeões para a marca Hohner. Estes eram exportados para os Estados Unidos.7
O som do acordeão é criado quando o ar que está no fole passa por entre duas palhetas (localizadas no chamado castelo, dentro do fole), que vibram mais grave ou agudo de acordo com a distância entre elas (quando mais distantes, mais grave o som) e seu tamanho (quanto maior, mais grave o som produzido). Quanto mais forte o ar é forçado para as palhetas, mais intenso é o som. O ar é proveniente do fole, que é aberto ou fechado com o auxílio do braço esquerdo.
A maioria dos acordeões tem quatro vozes, que são diferentes oitavas para uma mesma tecla ou botão. Portanto, num acordeão de quatro vozes com o registro 'master' pressionado, ao tocar um Dó, na verdade são tocados dois Dós na oitava que pressionou, um Dó uma oitava acima e um Dó na oitava abaixo, e isso é responsável pelo som único do acordeão.
No que toca ao lado direito do acordeão, um acordeão cromático pode ter botões ou teclado. O acordeão com teclado ou piano, é composto por um teclado de um piano colocado na vertical, com as notas mais graves em cima e as mais agudas em baixo. O acordeão cromático com botões, apresenta botões cujo número pode variar, que são tocados com a mão direita, e cuja disposição dos botões segue a ordem das escalas cromáticas. Além destes tipos, existe, actualmente, o acordeão de baixo solto, que é construído como o campo esquerdo do piano, sendo possível formar acordes mais sofisticados. Ao pisar uma tecla do teclado ou um botão, uma alavanca sobe, que libera um buraco ligado ao fole que permite o ar passar pelas palhetas e assim criar o som.
Os baixos são botões tocados com a mão esquerda que exercem função ou de baixo (como a tuba numa banda ou a mão esquerda em uma valsa para piano), tocando notas e acordes, num ritmo determinado pelo estilo de música (podem também ser pisados o baixo e o acorde simultaneamente para exercer a função do teclado em uma banda de rock) ou de baixo-livre (como os pedais em um órgão), mais usado em peças clássicas e dobrados.
A principal configuração de baixos é o sistema Stradella, na qual as duas primeiras fileiras são notas, sendo a segunda o baixo fundamental, que determina a tonalidade dos acordes abaixo, e a primeira, acima da segunda, o intervalo de terça maior a partir da fundamental. As outras 4 fileiras abaixo são os acordes maiores, menores, de sétima dominante e sétima diminuto, organizados em colunas a partir da nota de sua fileira, como demonstrado abaixo:
Os baixos fundamentais e contra-baixos são organizados em quintas com a nota seguinte, como de si bemol para fá, de fá para dó, de dó para sol etc.
Quanto ao dedilhado dos baixos, a localização das notas em um acordeão de 120 baixos é feita através de marcas nos baixos fundamentais de lá bemol, dó e mi. A maioria dos acordeonistas eruditos utiliza o dedilhado 4-3-2-5, na qual os baixos fundamentais são tocados com o dedo 4, utilizando o dedo 2 para alcançar o botão ao lado(a quinta), quando necessário; o dedo 3 para os acordes maiores; e o dedo 2 para acordes menores, 7 dominante e 7 diminuto, se utilizando o dedo 3 para pisar o botão ao lado (a quinta), quando necessário, já que o dedo 2 estaria ocupado tocando o acorde. Em caso de necessidade de pisar o contra-baixo menor, utiliza-se o dedo 5, como com o dedo 4 em dó e o 5 em mi bemol. Obviamente, existem exceções, como em casos em que se utiliza o dedo 3 para pisar o baixo de dó e o dedo 4 para pisar o acorde de fá maior, entre outros casos especiais
Popularmente, também é utilizado o dedilhado 3-2-5, no qual se utiliza o dedo 3 e 2 para baixos e contra-baixos (o 5 em contra-baixos menores) e o 2 em todos os acordes, maiores, menores, 7 dominante e diminutos.
Em caso de baixo-livre, o dedilhado deve ser elaborado pelo acordeonista ou é fornecido na própria partitura, acima ou abaixo da nota.
A maioria dos acordeões com o sistema Stradella são com o seguinte número e configuração de baixos:
Nome | Colunas | Fileiras |
---|---|---|
12-baixos | 6 Colunas: Si♭ a La | baixo fundamental, acordes maiores |
24-baixos | 8 Colunas: Mi♭ a Mi | baixo fundamental, acordes maiores, acordes menores |
32-baixos | 8 Colunas: Mi♭ a Mi | baixo fundamental, acordes maiores, acordes menores, acordes de sétima dominante |
40-baixos | 8 Colunas: Mi♭ a Mi | baixo fundamental, contra-baixos maiores, acordes maiores, acordes menores, acordes de sétima dominante |
48-bass | 8 Colunas: Mi♭ a Mi | baixo fundamental, contra-baixos maiores, acordes maiores, acordes menores, acordes de sétima dominante, diminuído |
12 Colunas: Ré♭ a Fá♯ | baixo fundamental, contra-baixos maiores, acordes maiores, acordes menores | |
60-baixos | 12 Colunas: Ré♭ a Fá♯ | baixo fundamental, contra-baixos maiores, acordes maiores, acordes menores, acordes de sétima dominante |
72-baixos | 12 Colunas: Ré♭ a Fá♯ | baixo fundamental, contra-baixos maiores, acordes maiores, acordes menores, acordes de sétima dominante, acordes de sétima diminuto |
80-baixos | 16 Colunas: Dó♭ a G♯ | baixo fundamental, contra-baixos maiores, acordes maiores, acordes menores, acordes de sétima dominante |
96-baixos | 16 Colunas: Dó♭ a G♯ | baixo fundamental, contra-baixos maiores, acordes maiores, acordes menores, acordes de sétima dominante, acordes de sétima diminuto |
120-baixos | 20 Colunas: Lá grave a Lá♯ | baixo fundamental, contra-baixos maiores, acordes maiores, acordes menores, acordes de sétima dominante, acordes de sétima diminuto |
140-baixos | 20 Colunas: Lá grave a Lá♯ | baixo fundamental, contra-baixos maiores, acordes maiores, acordes menores, acordes de sétima dominante, acordes de sétima diminuto, acorde de sétima aumentado (ou contra-baixo menor) |
Registros são teclas que modificam o som, alternando quais oitavas são tocadas. Localizam-se acima das teclas, no caso do teclado ou então próximos ao fole ou na parte de trás do acordeão, no caso dos baixos. Os registros mais comuns são:
Entre muitos outros, podendo ter até mais de 30 teclas (repetindo alguns registros para melhor alcance durante a execução da música).
A notação musical do acordeão é feita em clave de sol (ou de violino) e de fá (ou de baixo), como ilustra o fragmento abaixo:
A clave de sol é escrita exatamente como em partituras para piano (no caso de acordeões diatónicos), obedecendo as mesmas normas de dinâmica e escrita, pois o teclado é idêntico.
É na clave de fá onde está a grande diferença entre a partitura de acordeão e piano. É organizada da seguinte maneira: Abaixo da linha central do pentagrama (ré), as notas são baixos fundamentais ou contra-baixo. Se for baixo, é notada normalmente, como acontece com o fá logo no primeiro compasso, se for contra-baixo, recebe um traço logo abaixo da nota, como acontece com o Si no segundo compasso.
Acima da linha central do pentagrama, as notas são Acordes, recebendo, acima da nota, M (ou maj) para acorde maior, m (ou min) para acorde menor, 7 (ou S ou 'set') para acorde de sétima dominante e d (ou dim) para acordes de sétima diminuto.
A tessitura do acordeão genérico é a seguinte:
Registro | Teclado | Baixos(e Contra-baixos) |
---|---|---|
Master(1 som agudo, 2 médios e 1 grave) | Fá 2 ao Lá 5 | Sol -1 ao Mi 2 |
Piccolo(Som agudo) | Fá 3 ao Lá 6 | Sol 1 ao Mi 3 |
Bassoon(Som grave) | Fá 1 ao lá 4 | Sol -1 ao Mi 1 |
Clarinete(Som médio) | Fá 2 ao Lá 5 | Sol -1 ao Mi 2 |
Embora quando se utiliza os registros a tessitura do acordeão alcance as regiões subgrave e superaguda, a notação é feita como se estivesse utilizando o registro Master ou Clarinete (respeitando a regra de notação para os Baixos), de modo que a notação jamais vai acontecer acima do Lá 5 na Clave de Sol ou abaixo do Ré ou Dó 1 na clave de Fá.
Gaita de fole | |
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Classificação Hornbostel-Sachs | |
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Instrumentos relacionados | Oboé, Clarinete |
Artigos | Música tradicional, Folk, Etnomusicologia |
Gaita de fole (também gaita de foles, cornamusa, museta, musette ou simplesmente gaita) é um instrumento da família dos aerofones, composto de pelo menos um tubo melódico (chamado ponteiro ou cantadeira, pelo qual se digita a música) e dum insuflador mediado por uma válvula (chamado soprete ou assoprador), ambos ligados a um reservatório de ar (chamado fole ou bolsa); na maioria dos casos, há pelo menos mais um tubo melódico, pelo qual se emite uma nota pedal constante em harmonia com o tubo melódico (chamado bordão ou ronco). É um instrumento modal, na maioria das vezes jônio (modo de dó), apesar de haver modelos em modos mixolídio (modo de sol) e eólio (modo de lá), para além de possíveis outros.
A cantadeira possui a peculiar configuração de ser construída baseada numa nota (chamada tonal, geralmente soada com todos os furos fechados), e afinada noutra (chamada sensível, geralmente a primeira nota aberta), a qual rege a afinação da nota pedal soada pelo bordão (geralmente uma oitava abaixo da nota sensível da cantadeira). As possíveis afinações variam de gaita para gaita, geralmente em dó, ré, sol, lá, si ou si bemol.
Outra peculiaridade das gaitas-de-fole é integrarem o restrito grupo de instrumentos de ar que tocam contínua e mecanicamente, sem necessidade de pausa para o músico respirar.
Podemos dividir as gaitas-de-fole em três categorias relativas à morfologia do ponteiro, a peça onde o gaiteiro toca com os dedos: 1º as que possuem ponteiros cónicos e que regra geral funcionam com palheta dupla; 2.º as de ponteiros cilíndricos que costumam possuir palheta simples; 3.º e as de ponteiros cilíndricos duplos com palheta dupla e sem qualquer bordão a emitir nota pedal. Esta classificação refere-se unicamente ao modo como os ponteiros são torneados no seu interior e não ao seu aspecto externo já que pode acontecer que ponteiros com conicidade interna sejam cilíndricos no seu exterior e vice-versa. As palhetas, quer sejam de lâmina dupla ou simples, são geralmente feitas com cana-do-reino (Arundo donax). Já as palhetas de lâmina simples, são chamadas de palhão. |
A conicidade do ponteiro atribui a estas gaitas-de-fole uma potência sonora relevante, devido à sua palheta dupla (cuja resistência das lâminas as tornam mais potentes do que as de palheta simples). A digitação do ponteiro costuma ser tocada em modo aberto ou semi-fechado. Nos seus bordões usam-se os palhões. São gaitas típicas da Europa Ocidental, com subdivisões no que se refere à classificação de outros pormenores (grupo ibérico, franco, bretão etc.). A maioria dos modelos é insuflado através do assoprete. Alguns exemplos de gaitas desse tipo:
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Muitas gaitas de ponteiro cilíndrico começaram a ser populares a partir do barroco, por serem excelentes instrumentos de câmara. Isso deve-se ao facto de apresentarem um som geralmente mais doce e suave, graças ao seu torneado assim como à palheta simples e ao lúmen cilíndrico do ponteiro. A partir do período barroco proliferaram diferentes modelos do instrumento, em especial na França e Alemanha. Contudo há que frisar que existem modelos com palheta dupla no ponteiro e a sua digitação pode variar entre o aberto, o semi-fechado e o fechado – dependendo do modelo. Grande parte destas gaitas é insuflada por um fole mecânico (de ar-frio). Muitos modelos cilíndricos possuem ponteiro duplo. Alguns exemplos de gaitas com ponteiro cilíndrico:
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Há ainda uma distinção entre as gaitas-de-fole: as que são insufladas por meio dum assoprete – chamadas de ar-quente por necessitarem do fôlego do músico –, e as que são insufladas por um fole mecânico conhecido por barquim – chamadas de ar-frio (ou cauld-wind no Scots). Na verdade essa distinção não é, musical e morfologicamente, muito relevante. Isso porque o sistema sonoro das palhetas, ainda que apresentando diferenças perante o nível de umidade de cada sistema, permanece praticamente o mesmo. Tanto é que muitos instrumentos tradicionalmente de ar quente são encontrados munidos de fole mecânico, e vice-versa. A distinção relativa ao torneado do ponteiro e os tipos de palhetas utilizados são muito mais relevantes para as classificações organológicas. A distinção quanto ao torneamento da cantadeira e os tipos de palhetas utilizados são muito mais relevantes aos musicólogos. |
Não há certeza sobre a origem do termo gaita. De acordo com Joan Corominas, viria do gótico gaits (goat, cabra), mas muitos outros filólogos discordam dessa teoria, inclusive defendendo a hipótese de ser uma palavra de origem árabe, já que em árabe “ألغيْطه” (al-ghaytah) significa “palheta”. Já fole viria do latim follis (bolsa, almofada de vento). Em última análise, podemos “traduzir” o termo gaita-de-fole como bolsa de cabra, referência direta ao fole do instrumento.
Em muitas regiões distintas, o instrumento foi batizado simplesmente com o termo que designa o animal do qual se extrai o couro para sua bolsa: ghaida, gaida, gajdy, cabra etc.
Em português, registram-se oficialmente outros termos que definem gaita, todos galicismos a referir, originalmente, modelos franceses de gaita-de-fole:
Também, é curioso notar que a palavra gaiteiro no idioma português significa, diretamente, pessoa festeira, o que denuncia a associação do instrumentista aos eventos populares. Termo esse que distingue o instrumentista de gaita-de-fole daquele que toca harmônica, chamado gaitista.
As palavras folegar e fôlego compartilham da mesma raiz da palavra fole.
Muito se discute a respeito da correta grafia do termo. Apesar de ser muito comum o termo gaita de foles, acredita-se que seja uma corruptela recente do termo. Inicialmente porque o instrumento, tradicionalmente mais arraigado entre as populações rurais, ainda é referido como gaita-de-fole nas regiões onde ainda é comum, como em Trás-os-Montes.
Uma das prováveis teorias é a de que eruditos da cena urbana tenham acrescentado o S em fole por referência aos instrumentos de ar frio, os quais usam um fole mecânico para insuflar o outro fole, a bolsa (feito as musetas), enquanto outros acreditam que a corruptela faz referência à forma latina do termo: follis.
Ocorre que, em qualquer idioma em que haja registro do termo, não se manteve a terminação IS, principalmente porque nos chegaram hoje versões do romanso, ou do latim tardio:
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Em especial, em galego registra-se gaita de fol ou gaita de fole, o que é relevante tendo em vista sua proximidade com o português. Ainda assim, gaita de foles não é considerado hoje um termo errado, ainda que impreciso. Há quem defenda, inclusive, que literários e músicos do cenário urbano, já em fins do século XIX, passaram a utilizar o termo gaita-de-foles para designar as musetas, como a gaita irlandesa, as quais possuem dois foles: a bolsa e o fole mecânico.
Tubo melódico pelo qual se digita a música, cuja extremidade geralmente possui uma campânula. | ||
Tubo melódico pelo qual soa-se a constante nota pedal, geralmente distinguindo-se entre baixo e tenor quando há mais de um. A depender do modelo e costume, o bordão composto apenas de ombreira e copa é também chamado de ronqueta. | ||
Sessão inferior do bordão, ligada ao soquete. | ||
Sessão intermediária do bordão. | ||
Sessão superior do bordão, cuja ponta geralmente possui um sino. | ||
Peça pela qual insufla-se o fole nos modelos de ar quente, regulado por uma válvula que impede a saída de ar pelo mesmo. | ||
Peça pela qual ligam-se bordões, assoprador e cantadeira ao fole. | ||
Reservatório de ar, por meio do qual soam-se as palhetas do instrumento. | ||
Peça pela qual insufla-se o fole nos modelos de ar frio, ligado por um tubo de plástico ou similar, e regulado por uma válvula. | ||
Item que produz o som da gaita, a ser ressoado pelos tubos melódicos; composta de duas lâminas de cana-do-reino ou similar, unidas a um pequeno tubo chamado tudel, presas por um anel metálico ou similar chamado frenilho. Quando composta de uma lâmina simples, é chamada de palhão. | ||
Enfeites compostos por fios a enfeitar a veste do fole e/ou o cordão do bordão, muito comuns nos modelos ibéricos. | ||
Pingentes geralmente presos às extremidades do cordão. | ||
Tecido que envolve a bolsa, de forma ornamental. |
É extremamente polêmica a discussão sobre as origens do instrumento, pautada por diferentes teorias. Contudo, é aceito por muitos que sua provável gênese tenha se dado entorno do Mediterrâneo ou Oriente Próximo, onde havia farta matéria-prima e onde o instrumento proliferou em variedades. Em especial, questiona-se muito hoje se a civilização egípcia realmente cultivou o instrumento de forma relevante, visto a inexistência de registos – o que contradiz o hábito deles de observar aspectos cotidianos de seu povo.
A partir de então, a polêmica se torna maior ainda quando debate-se sobre sua difusão. Alguns crêem que o Império Romano a tenha disseminado pela Europa, visto os registros escritos do historiador romano Gaio Suetônio Tranqüilo e do filósofo grego Dio Crisóstomo (ambos do século I a II d.C.) sobre um aerofone semelhante a uma gaita-de-fole, utilizada por soldados durante marchas e momentos de lazer, chamada Tibia utricularis. Outros pesquisadores, no entanto, não aceitam essa tese, pois defendem que os povos antigos já comerciavam entre si, havendo um grande intercâmbio de cultura muito antes da ascensão romana.
A verdade é que pouco se sabe sobre esse período seminal. Os primeiros registros sólidos de diferentes modelos do instrumento datam a partir de meados da Idade Média, por meio de esculturas, pinturas, gravuras e textos. Suas propriedades sonoras, de alta potência, sempre agradaram muito as populações mais modestas, pastoris, entre as quais o instrumento gozou de maior admiração.
A partir da Renascença e principalmente a partir do período Barroco é que se desenvolveram modelos de gaita-de-fole mais “sofisticados”, com fole mecânico e inúmeras chaves e reguladores, capazes de soarem mais de uma oitava numa escala cromática – são as musetas, que apesar do nome, proliferam inicialmente não só na França como na Alemanha também, dois caldeirões de ideias novas para a música e a lutheria. Esses modelos chegaram posteriormente à Inglaterra e finalmente à Irlanda, sendo adaptados à estética local.
Infelizmente, foi justamente nesse período que as gaitas-de-fole começaram a sofrer seu declínio, especialmente as de ar quente. A estética musical começava a se transformar, novos instrumentos como os metais passam a competir com as gaitas e as possibilidades sonoras de apelam ao gosto das pessoas. As gaitas-de-fole passam a ser cada vez menos preservadas e, pouco a pouco, retornam às suas origens: populações pastoris, isoladas em pontos ermos, são preservadas em suas tradições.
Uma das raras exceções a essa trajetória é a gaita das Highlands, a essa altura tratada pelo povo britânico como um instrumento de guerra e mantido entre os batalhões reais, preservando-se e desenvolvendo-se suas características e repertório. Também, graças ao Império Britânico é que a gaita das Highlands disseminou-se pelo globo, sendo difundida entre os povos outrora colonizados e dentre os quais até hoje se toca o instrumento.
A partir de inícios do século XX é que se retomou de forma relevante o gosto pelo instrumento. Muitos creditam ao Romantismo, uma retomada burguesa de ideais tradicionais, essa renovação do instrumento. Inicialmente a partir de iniciativas pontuais, como a oficialização de bandas e campeonatos entre os escoceses e encontros de músicos tradicionais na França. O sopro de revitalização aumentou ao longo das décadas, e cada vez mais povos perceberam a riqueza daqueles antigos instrumentos. Em meados dos anos 1970, alguns modelos centrais do instrumento – como a gaita galega, a irlandesa e a das Highlands – sofreram alterações morfológicas e de repertório que atendiam estéticas musicais modernas, dividindo opiniões sobre sua legitimidade. Novas gaitas, como a smallpipe escocesa, surgem a início dos anos 1980, ajudando a difundir ainda mais o gosto por esses instrumentos.
Hoje, as gaitas-de-fole de diferentes modelos alegram o público, seja por meio de performances tradicionais ou modernas, com a adição de novos arranjos. Infelizmente, porém, essa retomada deu-se de forma tardia a muitos modelos do instrumento, que chegaram hoje até nós apenas na forma de um ou dois modelos únicos quando muito, e com repertório tradicional limitado ou nenhum, visto a falta de registros duma tradição oral e a extinção dos músicos tradicionais. Foi o caso de modelos como a säckpipa sueca e da düdelsack germânica, ou da gaita transmontana, que estava em via de extinção.
À medida que um determinado modelo de gaita-de-fole volta a se consolidar como instrumento popular, é comum a aparição de diferentes correntes que seguem ideologias opostas: os que preferem a cristalização do instrumento tal como rege sua tradição, e os que buscam experimentações modernas, a combinar diferentes instrumentos em diferentes composições rítmicas. Apesar das aparências, contudo, essas diferenças são complementares e a existência desses dois grupos necessária para o desenvolvimento do instrumento e sua maior aceitação por um público hoje muito diferente do que fora há alguns séculos.
Diferentes modelos de gaitas-de-fole estiveram intimamente ligados à religiosidade ao longo dos séculos. Registros medievais trazem-nos a associação desses a festividades, cultos, peregrinações e procissões. Isso se deve muito pelo fato de diversas comunidades pastoris apresentarem fortes crenças religiosas, meio em que as gaitas-de-fole eram mais populares. Ademais, igrejas européias de diferentes períodos apresentam esculturas e pinturas de anjos a tocar gaitas-de-fole, em parte por iniciativa dos próprios artesãos e alvineiros -- os quais em grande parte tinham contato com o instrumento.
Apesar disso, com a ascensão doutro aerofone – o órgão de tubos – e o vínculo arraigado das gaitas com festividades folclóricas e populares, vincularam-na cada vez mais a uma imagem pagã, sendo prescrita em diferentes momentos da história em diferentes localidades, especialmente por religiões cristãs. A Reforma Protestante, de John Knox, é um exemplo de como a imagem do instrumento foi alterando-se com o tempo: tocar gaita-de-fole passou a ser um pecado na Escócia do século XVI.
Flauta transversal
A flauta transversal, por vezes chamada de flauta transversa ou simplesmente de flauta, é um aerofone da família das madeiras. É um instrumento não palhetado, possuindo um orifício por onde o instrumentista sopra perpendicularmente ao sentido do instrumento.
Apesar de atualmente ser fabricada em metal, em sua origem, ela era é de madeira. Por esta razão, até hoje, a flauta transversal é classificada nas orquestras como um instrumento pertencente ao grupo das madeiras.
A extensão normal (registro) da flauta é de três oitavas, do Dó4 (Dó central no piano) ao Dó7, mas flautistas experientes podem chegar até o Ré7 (em alguns casos até mesmo ao Dó8). Algumas flautas modernas permitem também emitir o Si2.
Há também outros tipos de flauta transversal, como o piccolo, cujo registro começa uma oitava acima da flauta transversal comum, a flauta baixo, cujo registro começa uma oitava abaixo da flauta transversal comum, e a flauta alto, que começa em Sol3. Há também as flautas de bambu e madeira, conhecidas por pífaro, bansurí, quena entre outros, mudando de acordo com o país e às vezes mudando o esquema de notas e a embocadura, muito usado na música tradicional de diversos países, cujo registro pode variar muito conforme a tradição cultural considerada. Às vezes a flauta de bambu e madeira é usada como aprendizado para transversal, porém sua sonoridade é diferente da transversal e com menos notas.
Na flauta, a emissão do som é relativamente fácil, levando ao virtuosismo quase espontâneo no que diz respeito à velocidade. Não tão fácil é obter um som vibrante sem ser vulgar no forte ou inconsistente no piano. As dificuldades de execução apresentam-se também pela natureza heterogênea dos registros, tanto em timbre, quanto em volume de som. O agudo é potente e brilhante, e o grave, aveludado e de difícil emissão. O controle da embocadura, por se tratar de um instrumento de embocadura livre, deve ser minucioso, já que pequenas alterações no ângulo do sopro interferem bastante no equilíbrio da afinação.
A flauta sempre foi um instrumento muito privilegiado no que diz respeito a recursos e ornamentos. Grande parte dos recursos musicalmente conhecidos são executáveis na Flauta, salvo as particularidades e dificuldades inerentes ao próprio instrumento.
O instrumento era feito originalmente de madeira, passando-se posteriormente a fabricá-lo em prata ou outro metal, que confere uma maior intensidade do som, melhor afinação, mais facilidade de uso das chaves. Ainda há orquestras na Alemanha que utilizam flautas de madeira, justificando-se pela beleza timbrística inigualável.
A classificação nos diz que a flauta pertence às Madeiras embora a sua construção seja geralmente feita de metal. A classificação no entanto não se embasa na construção, mas na natureza dos timbres. As madeiras caracterizam pela diversidade de timbres e pela delicadeza destes.
Na fabricação da flauta, atualmente existem flautas feitas em Níquel e banhadas em prata, enquanto outras são feitas em prata e algumas são feitas de ouro. Existem algumas marcas como a Muramatsu, Miyazawa, Yamaha, Artley, Haynes, Sankyo que constroem flautas de platina. Muito se discute a questão do tipo de metal e as consequências que ele acarreta no som. Sabe-se que as flautas de ouro possuem um timbre "mais definido" enquanto as de Prata possuem o possuem "mais fluido e aberto"[carece de fontes].
Uma flauta é um tubo aproximadamente cilíndrico dividido em três partes principais: Bocal ou Cabeça, Corpo e Pé.
Quando um jato de ar é soprado transversalmente sobre o orifício da embocadura da flauta, ele bate na sua borda mais externa, provocando um efeito Bernoulli que leva a uma rua de vórtice de von Karman.
Em termos mais simples, o ar flui ora para dentro e ora fora do orifício da embocadura de maneira periódica, numa certa frequência, porque o ar que ocupa o interior do tubo da flauta se comporta como um corpo elástico; inicialmente, a energia do sopro comprime esse ar e, em seguida, a energia acumulada nessa compressão é liberada, expandindo-o e deviando o sopro para fora, e essa compressão e expansão do ar se repete centenas vezes por segundo. A periodicidade (isto é, a frequência - e portanto qual nota musical soará) em que isso ocorre é determinada pelo formato e tamanho do tubo no qual o ar está sendo comprimido e expandido, o que faz com que o ar contido no tubo tenha uma frequência de ressonância e se comporte de modo semelhante a um Ressonador de Helmholtz.1
O formato da flauta equivale a um cilindro aberto em ambas as extremidades (o orifício da embocadura e a abertura ao ar ambiente que depende de quais chaves estão abertas) e este modelo nos ajudará a explicar a maneira como o tubo tem uma frequência de ressonância. A velocidade de propagaçao do som no ar é de cerca de 346 metros por segundo, assim, ao iniciar o sopro na embocadura, uma frente de onda de pressão demora um determinado tempo até chegar na outra extremidade do tubo que é aberta ao exterior, mas, quando chega ali, só uma parte da energia da frente de onda sai da flauta, a outra é refletida novamente para o interior da flauta, porque não há casamento das impedâncias do ar dentro da flauta e do ar fora dela (devido à abrupta pasagem da onda de um meio limitado pelo formato cilíndrico para um meio de espaço aberto). Essa frente de onda refletida desloca-se pelo interior da flauta agora em sentido contrário até chegar à abertura no outro extremo (o buraco da embocadura), onde uma parte da energia dela será irradiada para o exterior (fazendo o sopro do músico na embocadura se desviar momentaneamente para fora do buraco), enquanto a outra parte da energia será novamente refletida mas agora como uma frente de onda reintensificada pela energia fornecida pelo sopro do músico (dado que no momento da reflexão da frente de onda, o sopro do músico é dirigido momentaneamente para dentro). E esse vai-e-vem inicial da frente de onda origina uma onda estacionária que continua se repetindo enquanto o músico mantém o sopro.
Se soubermos qual o tamanho do tubo, poderemos saber quanto tempo essa ida-e-vinda da frente de onda ao longo do tubo demora porque sabemos qual é a velocidade de propagação do som (346 m/s). Assim, num tubo de 1 metro, para a frente de onda percorrer os 2 metros de ida e volta, ela demorará 0,00578 segundos (t = d/v), que é o período da onda sonora. Como a frequência de uma onda é o inverso do período (f = 1/t), temos que a frequência de ressonância de um cilindro de 1 metro aberto nas extremidades é de 173 ciclos por segundo ou 173 hertz (o que equivale à nota fá32 ). (Porém, neste nosso tubo teórico estamos supondo que a frente de onda se reflete exatamente onde o tubo é aberto para o exterior, mas na realidade, a reflexão ocorre um pouco além do tubo, a uma distância 0,6 vezes o raio da abertura do cilindro; essa distância é chamada de correção de terminação3 e deve ser levada em conta na construção de instrumentos).
Como as duas aberturas do tubo são os dois pontos da flauta onde o ar possui menor diferença de pressão em relação à pressão ambiente e também o máximo deslocamento das particulas de ar - enquanto o centro do tubo é onde o ar tem menor deslocamento e máxima diferença de pressão -, as únicas ondas estacionárias que podem se formar são aquelas cujo comprimento de onda tem pelo menos dois de seus nodos de pressão (pontos com mínima diferença de pressão com relação ao ar ambiente) nestes dois pontos da flauta, o que produz os sobretons harmônicos. Por esta razão, quando se sopra o ar com uma velocidade relativamente baixa, produz-se uma meia-onda estacionária que ocupa todo o comprimento do tubo (com dois nós de pressão nas extremidades do tubo), mas se formos aumentando a velocidade do sopro, ao invés da frequência ir aumentando proporcionalmente, a mesma frequência fundamental permanecerá até que a partir de um momento produzir-se-á repentinamente uma onda estacionária com o dobro da frequência (isto é, uma oitava acima), já que esta também terá nodos coincidindo com as extremidades abertas do tubo, se continuarmos aumentando a velocidade do ar soprado, produziremos os demais sobretons um a um.
Se tivermos um cilindro aberto nas extremiades cujo comprimento pode ser aumentado ou diminuído conforme as frequências de ressonância equivalentes às notas musicais, usando chaves que abrem ou fecham buracos, teremos uma flauta. É importante ter em mente, porém, que a explicação apresentada aqui é apenas uma aproximação esquemática. A física da flauta é muito mais complexa do que o modelo apresentado aqui e ainda é alvo de muitos debates na comunidade científica.